Escrito em 17.04.2018
Uma vez, descobri que havia infiltrações por dentro de mim.
A umidade daquele lugar fez com que os cupins viessem e fizessem ainda mais estrago.
Enquanto por fora um ar de normalidade, misto de muito esforço em me manter em pé, por dentro estava tudo oco.
Os cupins destruíram o que havia por dentro. Levaram a firmeza de uma base sólida para longe, até que me
encontrei em pleno desabamento.
Só tinha duas opções: ceder e desmoronar ou lutar pela minha própria sobrevivência.
A sobrevivência não física, mas espiritual.
Fui aos poucos banindo os cupins, reconstruindo minha própria morada e reformando todos os espaços internos.
Ampliei a sala de estar e me permitir conhecer o novo, o diferente.
Quando vi, já estava começando a receber até amigos.
Ampliei meu quarto e banheiro que sempre foram meus espaços de descanso maior - onde durmo e onde tomo
banho são meus lugares sagrados.
Na cama, me recomponho do cansaço, no banho, me purifico de qualquer mal.
A cozinha foi o que menos modifiquei: continua maior do que eu preciso, e continua armazenando além do
necessário, o que ainda é um problema.
Mas, de pouco a pouco, vou melhorando os descompassos que tal lugar abriga.
A casa estava praticamente nova quando, de uma hora pra outra, uma tempestade ameaçou acabar com tudo.
Foram meses de grande tormenta e de várias tentativas frustradas de represar as águas que insistiam em
infiltrar na casa.
Panos não secavam, baldes não davam conta do volume de água. E me vi mais uma vez prestes a receber
os pequenos e corrosivos cupins.
“Malditos!”, pensei.
Mas não tinha como não ter cupins num ambiente de tanta umidade.
Eles viriam, cedo ou tarde, e acabariam com tudo o que eu havia construído com tanto esforço.
Foi aí que eu me permiti desaguar.
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