(19 de maio de 2018)
Uma das partes mais difíceis da vida vem do crescimento.
Pensando agora, como deve ser difícil para um bebê quando seus dentinhos começam a despontar nas suas gengivas até então lisas. Eu tenho três sisos. Um já foi removido e ainda sinto as dores que fazem parte do processo de "saída" do segundo. Dói.
Porque crescer dói muito.
Olhando para trás, há mais ou menos seis anos, me vejo no ensino médio, tão certa do que eu queria fazer. O sonho da faculdade federal do curso de jornalismo, de morar fora. Pra conseguir, abri mão de morar com meus pais e vim pra essa cidade grande chamada BH. Deixei meus pais, avós, tias, namorado e cachorro para viver um sonho e me dispus a crescer.
Mas estar disposta não significa necessariamente que o processo seja menos doloroso.
Tive a oportunidade de ter novos amigos, de abrir a minha mente para um mundo distinto do meu habitual, mas de experimentar, ao mesmo tempo, as angústias da saudade do lar e das pessoas amadas.
Em meio a tudo isso, descobri a depressão. Sim, eu tenho depressão. Uso medicação e faço análise (terapia) para me conhecer e aprender a lidar da melhor maneira possível com essa companheira de longa data. Mas não me tornei sua refém. Porque escolhi crescer. Eu me permiti sofrer para poder crescer.
E como a vida da gente às vezes se dá de forma um tanto quanto circular, cá estou eu mais uma vez aprendendo a lidar com as perdas da vida. Dia 24 faz dois meses que o Rick se foi. Meu primeiro namorado, o meu melhor amigo e meu amor.
Ainda é muito difícil tudo isso. Viver com o luto é reaprender a viver, sentindo que está faltando um pedaço. Pedaço que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, nunca vai ser preenchido de novo.
As pessoas não são substituíveis. Isso pode funcionar no mercado de trabalho, mas na vida real é bem mais complexo.
Mas a gente continua. Não sabendo como, nem porque, a gente tenta.
Eu voltei para a análise e atualmente faço circuito funcional três vezes na semana. Parece pouco, mas são algumas das formas que eu aprendo a me cuidar.
E mesmo com pedaços faltando, a gente continua.
Eu, pelo menos, venho tentando.
Às vezes mancando, às vezes caindo, às vezes chorando.
Mas, de alguma forma, seguindo em frente.
Porque, no final das contas, a vida é isso - um eterno crescimento.
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