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No dia em que fui roubada

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Há exatas duas semanas atrás, numa segunda-feira indo para a faculdade fui roubada. Nem sei exatamente como isso aconteceu. Na verdade, eu nem cheguei a ver o meliante. Só me dei conta da falta do meu objeto roubado quando cheguei na faculdade.
Fiquei horrorizada ao perceber que me levaram algo que não tinha valor algum que não fosse ideológico. Algo que não poderia ser trocado por dinheiro, que foi comprado por meros cinco reais numa tarde quente de primavera num breve intervalo durante a minha orientação de monografia.
Levaram-me mais que um simples objeto, levaram-me o direito de me expressar politicamente.
Naquele momento, fui silenciada, perdi o direito de opinar.
Raptaram-me uma das minhas verdades pessoais em discordar com o pensamento hegemônico que tem prevalecido na cabeça de muitos brasileiros. Calaram minha voz ao me negar o direito de dizer o que penso e fazer valer a minha própria voz.
Acima de uma Mafalda indignada com sua pequena mão erguida para o alto podia-se ler a frase que vem ecoando na minha cabeça há alguns meses.
"FORA TEMER!"
Era o que estampava um broche, ou como dizem atualmente um bottom, que eu levava na minha mochila laranja.
Como eu posso ter certeza de que ele não caiu? Por conta da forma como eu preguei o alfinete, exatamente para tentar impossibilitar que ele fosse removido da minha bolsa. O que acabou acontecendo de qualquer forma.
Se quem fez isso tinha intenção de se apoderar para uso pessoal, shame on you.
Se estou criticando um governo corrupto e roubo, estou sendo conivente e acabo apoiando aquilo que eu repudio.
Agora, se quem fez isso está do lado do impeachment e, consequentemente, dos golpistas, esse ser das trevas é um golpista triplamente qualificado. Primeiro porque tomando o que não lhe pertence está realizando um atentado à propriedade privada. Segundo por silenciar o meu direito de me expressar politicamente. E terceiro e ultimo golpe se dá porque, como diz o ditado, filho de peixe, peixinho é, logo, cria de golpista, golpista é.

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