Os determinismos sempre se fizeram muito presentes em minha vida, mesmo quando não fazia a menor ideia do seu significado.
Me lembro que sempre tinha que escolher entre o feijão ou o arroz não porque faltava, mas porque eu tinha que escolher aquele que eu gostava mais. Determinar a cor favorita, o doce predileto, aquilo que eu achava bonito ou feio, as pessoas que eu gostava ou não, os caminhos que eu deveria ou não trilhar...
Quanta tolice!
Demorou muito pra eu entender que nem sempre o "ou" deve prevalecer, mas que o "e" acrescenta muito mais do que se pode imaginar.
Ao deixar meu cabelo voltar ao natural (cacheado), tive que, primeiramente fazer uma escolha, mas hoje vejo que posso mudar de ideia e voltar ao liso caso me "dê na telha" um dia. E ai de quem disser que eu estou errada!
Descobri que eu não preciso (nem quero!) ser magra ou gorda, mas que eu posso determinar as escolhas que irão transformar meu corpo, tanto positiva quanto negativamente.
Mas acho que o mais importante foi descobrir que o mal e o bem podem co-existir juntos. Eu creio na perfeição divina, própria de um Deus que está acima de nós, mas creio também que dentro da nossa própria humanidade os dois lados se fazem presentes.
Recapitulando a ideia do determinismo, não se pode achar que por existir os dois lados da moeda temos a obrigação de optar por um lado ou por outro porque nós, seres humanos, somos feitos dos dois lados, assim como a própria moeda.
Lulu Santos disse que "não haveria som se não houvesse o silêncio, não haveria luz se não fosse a escuridão. A vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim.". Nesse trecho inicial de "Certas Coisas" ele consegue traduzir perfeitamente o que eu estou querendo dizer.
Não sei se isso é geral ou um sentimento só meu, mas tenho a sensação de que somos constantemente forçados a fazer escolhas baseadas no "ou" como se não houvesse uma alternativa "meio termo". Porque tem que ser oito ou oitenta? Porque tem que ser preto ou branco? Gordo ou magro? Feio ou bonito? Certo ou errado? Bom ou mau?
Nós somos constituídos desses dois lados da moeda e, um desses lados, a depender das nossas posições, vai se sobressair em algum momento.
Claro que não se pode deixar que o relativismo bata na porta e já vá entrando e sentando na mesa de jantar. Relativizar a verdade, por exemplo, é querer se dar bem nas situações em que se encontra e não é disso que eu tô falando.
É claro também que em alguns momentos escolher entre um ou outro será minimamente necessário, porque nem toda situação nos permite ficar em cima do muro ou mesmo ter nas mãos o bom dos dois mundos (o que também não seria nada mal).
Mas acima disso, ter a consciência de que nem sempre o "ou" é obrigatório. Que ele não só pode, como deve existir, mas com cautela, porque ele acaba excluindo infinitas possibilidades que surgem da união dos opostos.
As variações de cores são um belíssimo exemplo disso, afinal, se só escolhêssemos somente entre o vermelho ou o amarelo nunca teríamos contato com o laranja. E assim como nas cores, é preciso dosar as diferenças e saber que mesmo os opostos podem, em alguns momentos, ficar juntos e gerar coisas grandiosas.
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