Já perdi as contas das vezes que me peguei olhando no espelho criticando meu corpo.
"Pra quê tanto peito? Podia ser pelo menos firme!
E essa celulite que invadiu o meu quadril por inteiro? Queijos suíços teriam inveja de mim, com certeza.
E as bruxas dos filmes de terror me tratariam como a rainha do cabelo de vassoura..."
Essa seria uma das "conversas" nada amigáveis, onde o mais importante é a minha crucificação. E é isso que a gente faz: se martirizar pelas faltas e excessos que nos constituem.
Passamos tanto tempo questionando o que poderia ser diferente no nosso corpo que perdemos a singularidade própria de todo e qualquer ser humano.
A verdade é que estamos tão absolvidos nessa busca pela perfeição, que acabamos cegos na tentativa de nos pautar através de uma realidade extremamente ampla. A perfeição é uma meta criada e ressignificada pelo tempo, história e, principalmente pelo ser humano que, apesar de tudo, não pode assumir a perfeição como dogma pelo simples fato dela ser mutável e só existir no mundo da nossa imaginação. Não se pode confiar num ideal que não tem suporte para se manter fixo. E mesmo se tivesse, não existe absolutamente nada que te obrigue a ser assim ou assado.
É preciso desmistificar a beleza e tirá-la do campo das idealizações.
Independente da cor da pele, do tipo de cabelo, do tamanho do manequim, do sexo, da religião, da postura como pessoa. Independente de toda e qualquer coisa, somos gente, caa um com sua singularidade e seu ponto de integração com os demais.
E é só através da aceitação do "eu" que podemos escapar dessa busca sem sentido pelas perfeição.
Enxergar-se por inteiro é o primeiro passo, aceitar-se é o segundo.
Por ultimo vem o amor próprio que tem o papel de guiar nossos olhos para que não se percam no conjunto da obra e salientem apenas um ponto fixo.
Porque, afinal de contas, somos um todo composto por partes.
Mas nenhuma delas pode ter maior significado sobre o todo porque ele se sobrepõe sobre tudo e nos faz ser quem somos e como somos.
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